Isolamento social, desemprego ou possibilidade de desemprego, crises de ansiedade, relacionamentos abalados. Há um ano, ninguém diria que nossas vidas seriam completamente transformadas por uma nova doença. Em março de 2020, o anúncio dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de que estávamos diante de uma pandemia, gerou diversas mudanças no funcionamento da sociedade. Essas mudanças transformaram completamente nossas rotinas. O que aprendemos após quase oito meses de isolamento social? O que é possível observar do ponto de vista psíquico e de comportamento? Decidi escrever esse artigo para expor aquilo que, conversando com outros profissionais, consegui identificar como sendo os desafios e aprendizados em tempos de isolamento social.

 

Desafios e aprendizados em tempos de isolamento social

Relacionamentos, casamentos e convívio familiar

A ideia romântica de se isolar do mundo, e passar mais tempo juntos poderia aproximar os casais, não passa de uma ilusão. Na verdade, logo no início do isolamento, um dos primeiros desafios que veio a tona foi como lidar com a convivência 24h e os conflitos crescentes em torno dos relacionamentos amorosos. Se por um lado tivemos que nos afastar do convívio social, por outro, acabamos nos expondo a um excesso de convívio familiar. Que em alguns, despertou o sentimento de confinamento, de exclusão, desequilíbrios emocionais. Esses fatores acabaram por aumentar a agressividade e construir um clima extremamente estressante e inóspito, aumentando também o número de brigas.

Sim, inúmeras pesquisas feitas durante a quarenta mostraram o aumento no número de brigas de casais. Um estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FSBP) analisou mais de 50 mil menções sobre brigas nas redes sociais. O resultado mostrou que houve um aumento de 431% na incidência de brigas de casal durante a pandemia. O mais triste é que grande parte das ocorrências indicavam ter havido violência doméstica contra mulher. 

 

Uso excessivo de telas e redes sociais

Outro grande desafio foi o aumento exponencial ao uso de telas e redes sociais. Uma vez que estamos confinados em casa, sem a possibilidade de praticar esportes, ver os amigos, sair para trabalhar. O consumo de conteúdo online se tornou a principal fonte de distração. Passamos a fazer tudo online, desde nossas horas de lazer, estudo, trabalho e entretenimento. Até nosso convívio social passou a acontecer através das telas. 

Mas, por que isso é um problema? Bom, em primeiro lugar, já está comprovado que o uso prolongado de aparelhos eletrônicos pode prejudicar nossa visão. A luz azul emitida pela tela dos aparelhos é tóxica à nossa retina. Outro fator que precisa ser comentado é que as redes sociais possuem mecanismos altamente viciantes para nosso cérebro fazendo com que fiquemos muito tempo conectados e presos nesse ambiente.

O grande problema é que estamos confinados em casa, sem a possibilidade de trazer a interação social de volta para nossa rotina. Como diminuir o uso de telas e ficar menos tempo conectados quando tudo o que temos que fazer no nosso dia depende deste tipo de tecnologia? 

 

Ansiedade e depressão

A Pandemia trouxe para nossas vidas, de maneira repentina, situações capazes de mexer seriamente com nosso equilíbrio emocional. O isolamento social, desemprego ou possibilidade de desemprego, crises de ansiedade, crise econômica, relacionamentos abalados. Tudo isso fez com que ficássemos ainda mais expostos a crises de ansiedade e depressão. A pouca e total inabilidade de lidarmos com nossas emoções ficou exposta e nesse contexto vimos crescer de maneira preocupante o consumo de álcool. Outro fator que agrava a ansiedade é a perspectiva de lidarmos com algo que não controlamos e consumirmos conteúdo negativo em excesso. Estamos nos colocando constantemente em situação de estresse e isso tem impulsionado os quadros de ansiedade e depressão.