Restauração familiar: Será que existe relacionamento após o divórcio?
Relacionamentos amorosos são complicados. Principalmente porque vivemos em uma sociedade que constrói uma idealização irreal sobre o que é o casamento. Filmes e músicas alimentam nosso imaginário romântico e fantasioso sobre como deveria ser um relacionamento a dois. A frustração é um dos ingredientes mais fatais para um casamento e o divórcio acaba por acontecer.
Existem muitos filmes e músicas que falam sobre esse amor romântico, Sobre a paixão e sobre o início de um relacionamento. No entanto, são poucas narrativas que percorrem os caminhos da separação, do porque ela acontece, como ela se desenrola e o que vem depois de um divórcio. Esse é um terreno nada explorado porque raramente queremos nos deparar com o fato de que os casamentos acabam!
O Brasil registra mais de 1 milhão de separações por ano e existem muitos motivos que fazem um casal se separar. Mas não é porque o casamento acabou que o relacionamento também termina. Pelo contrário, em muitos casos ambos ainda terão uma vida em comum. E irão precisar descobrir novas maneiras de conviver em equilíbrio e harmonia.
Como iniciar uma restauração familiar após o divórcio?
Após a separação o casal terá de descobrir seu próprio caminho para a construção de um relacionamento harmonioso. Transformando o amor romântico em um amor fraterno, principalmente quando existem filhos nessa relação. Trazendo uma convivência mais tranquila e amizade para a mesa da relação. No entanto, para que isso seja alcançável é preciso salvar o pouco que ainda resta entre o casal e tudo começa com uma separação amigável, em bons termos e sem rancor. Sim, é muito difícil conduzir um divórcio onde não haja sofrimento. Afinal o amor acabou, aquela ilusão que se tinha sobre o “felizes para sempre” se desfez e agora resta muito pouco que ainda conecte essas duas pessoas. Mas, é preciso lutar para que a separação seja um momento de respeito e de construção de algo novo, ao invés de ser apenas o fim do casamento.
O filme a História de um Casamento
No filme “História de um Casamento”, percebemos que tudo gira em torno de como lidamos com a perda e com a separação. Na narrativa o tempo, os sonhos e as ambições do casal se distanciam. Eles estão juntos, mas desejam coisas diferentes para suas vidas e carreiras. O filme nos mostra que não existe sincronia eterna e imutável entre duas pessoas.
O que pode existir é a disposição para a parceria. Uma movimentação a favor de manterem-se unidos, de se fazer concessões. Quando decidimos compartilhar as nossas vidas dentro de um relacionamento, também estamos aceitando que as vidas de outras pessoas sejam compartilhadas conosco. E que, com o tempo, essa sintonia e disposição de partilhar, poderá deixar de existir.
No filme, o divórcio começa de maneira terna e chegamos a acreditar que não haverá grandes traumas para o casal. No entanto, o desenrolar da narrativa acaba por revelar duas pessoas emocionalmente indisponível para concessões. Esgotadas por estarem constantemente cedendo aos desejos do outro e engolindo suas reais emoções. Muitas cenas mostram esse rancor e amargura entre o casal em forma de brigas ou de atitudes passivas / agressivas.
A relação de Charlie e Nicole
A personagem de Scarlett Johansson negligência sua carreira e sonhos em nome da relação familiar. Mas durante o divórcio os sacrifícios feitos pelo casamento se transformam em mágoas e ressentimentos. Muito cuidado com aquilo que não é dito ou vivido dentro de uma relacionamento! Prestar atenção ao detalhes do outro e validar seus desejos e sonhos pode salvar o seu casamento
Por fim, mesmo com todo o desgaste emocional ambos ainda fazem parte da vida um do outro e ainda precisam descobrir maneiras de conviver e se relacionar.
Quase no final da trama, Charlie, o personagem de Adam Drive, já divorciado de sua esposa canta em um bar sobre estar vivo a partir do que é o amor. Essa é uma das cenas mais tocantes do filme. A música retrata que não é porque o casamento acabou que o amor deixou de existir. A vida continua e se renova à medida que o tempo passa e que vamos descobrindo nossos sonhos, desejos e ambições.