A maioria dos jovens chega a adolescência ser ter aprendido a reconhecer e nomear as emoções. Na verdade, mesmo os adultos passam muitos anos da vida sem nunca ter refletido ou elaborado suas emoções e sentimentos. De fato, mesmo sem nunca ter desenvolvido os aspectos mais profundos da inteligência emocional, os adultos têm vantagem diante das crianças e dos adolescentes quando o assunto é reconhecer e nomear as emoções

A maturidade é uma grande aliada para o autoconhecimento. Afinal, quanto mais experiência de vida conseguimos reunir, mais fácil iremos reconhecer o que estamos sentindo e a chance de reagirmos bem diante das situações aumenta. Se para nós adultos é mais fácil lidar com as emoções é nosso dever ajudar os adolescentes a entenderem o que estão sentindo e a reagir diante das mais diversas situações

As emoções são componentes básicos dos seres humanos. Elas são algoritmos orgânicos e complexos que nos permitem fazer uma leitura do cenário externo e nos dizer como agir. Para entender melhor vamos fazer um exercício de imaginação e voltar alguns milhares de anos na pré-história.

Estamos na savana africana e, de repente, nos deparamos com um predador, um leão. Rapidamente, em uma fração de segundos, nossas emoções entendem o risco ao qual estamos expostos. Muito antes de conseguirmos racionalizar o que está acontecendo nosso coração dispara. O sangue flui para as extremidades do corpo. Nossas pernas e braços esquentam. Nosso tronco esfria e sentimos um frio na barriga. Mesmo sem pararmos para pensar tomamos uma decisão entre lutar e fugir.

Nesse exemplo, o medo da morte prepara o nosso corpo para reagir e viver. Algo muito parecido acontece com todas as outras emoções básicas. De maneira muito intuitiva e rápida elas nos ajudam a entender o contexto e tomar uma decisão.

 

O que é inteligência emocional?


É muito importante dizer que ninguém é capaz de controlar as emoções, elas são impulsos naturais e primitivos. A inteligência emocional não consiste em escolher as emoções que iremos sentir e sim em escolher a maneira como agimos e reagimos diante dos acontecimentos. A maturidade emocional, ou inteligência emocional, não é sobre controlarmos o que sentimos e sim sobre controlarmos a nossa reação diante daquilo que estamos sentindo. 

Estimular essa autoanálise e autoobservação nos adolescentes é algo indispensável no processo de aprendizagem das emoções. Isso porque apesar de todos termos as mesmas emoções cada um de nós as sente de maneira diferente. Por exemplo, quando estou triste sinto um nó na garganta, em você a tristeza pode se manifestar de outra forma. 

 

Como ensinar os adolescentes a reconhecer e nomear as emoções?

Durante a adolescência, dentro do processo de reconhecer e nomear as emoções, o primeiro passo é ensinar os jovens de que não existe emoção boa ou emoção ruim. Todas cumprem um papel muito importante diante da nossa vida. Já o segundo passo é apresentar ferramentas para que esses adolescentes consigam entender o que estão sentindo e  porque o repertório emocional exerce um papel indispensável para a forma como reagimos diante dos acontecimentos.

Nosso cérebro está constantemente buscando poupar energia e criar atalhos. Portanto, ele cria mecanismos de entender o cenário e procurar no repertório a maneira correta de agir. Sendo assim, se nosso repertório emocional nos diz para arremessar o celular quando estamos com raiva, quanto mais reforçarmos essa reação, mais difícil será desvincular a raiva da reação de arremessar objetos. A partir do momento que aprendemos a reconhecer e nomear as emoções somos capazes de elaborar melhor nossas reações e a quebrar esses padrões de comportamento tão nocivos para nossa vida.

As técnicas de mindfulness são poderosas ferramentas para atingirmos esse equilíbrio emocional. Quando estamos presentes no agora conseguimos perceber o que estamos sentindo e quais fatores externos despertam determinadas emoções.

No entanto, para lidarmos com nossas emoções complexas, primeiro precisamos entender nossas emoções básicas. Vamos usar a frustração como exemplo. A frustração é resultado de uma expectativa que não se concretizou. Ela é uma emoção elaborada que nasce a partir da raiva e da tristeza. Portanto, aprender a lidar com a frustração passa por aprender a reconhecer a raiva, em que situações ela surge, por que ela é importante, por que ela é uma emoção que faz parte do nosso instinto de sobrevivência, como ela age nos dias atuais e, principalmente, quais reações ela causa no nosso corpo.

Para reconhecer e nomear as emoções é importante que os adolescentes aprendam a perceber as reações que cada emoção causam. Um bom exercício é ensiná-los a fazer perguntas e reflexões para si mesmo.

 

Autoconhecimento

Onde, no corpo, nasce a ansiedade? É no estômago? No peito? Quando eu estou ansioso, quais as sensações corporais eu consigo nomear? As mãos ficam suadas? As pernas inquietas? Minha fala fica mais apressada? Eu começo a gaguejar? Quais são os gatilhos que me deixam ansioso? Que acontecimentos antecedem os momentos de muita ansiedade?

Certamente, você já deve ter assistido o filme Divertidamente. O longa metragem da PIXAR consegue de uma maneira leve e brilhante falar sobre nossas emoções e sobre como sentimos e reagimos diante dos acontecimentos. O filme é sensacional do começo ao fim e, por meio de muitas analogias e construções de narrativas simples, ele consegue explicar a complexidade das nossas emoções. Se você nunca assistiu eu faço o convite para que veja. Se já viu, eu aconselho que assista novamente e busque observar como as emoções, presentes na “sala de comando” do cérebro da protagonista a fazem agir e reagir para sobreviver.

Também vale a pena fazer um comparativo sobre a biografia e o repertório emocional da criança que é a protagonista em relação aos de seus pais.

No nosso próximo artigo vamos falar mais sobre as emoções básicas, inteligência e biografia emocional. Não perca!